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Consciência Ambiental no Processo Produtivo do Setor Papeleiro da Grande São Paulo

Autores

Ariane Rodrigues Venâncio[2]

João Pereira das Chagas[3]

 

RESUMO

Este estudo foi desenvolvido a partir do assunto sustentabilidade que ultimamente está em evidência devido ao seu grau de relevância frente às mudanças que vêem ocorrendo no ambiente empresarial, pois essa questão não afeta apenas as organizações mais sim toda a sociedade. Além de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, foram aplicados questionários com consumidores e produtores ligados ao setor papeleiro da grande São Paulo, sendo possível observar que há uma preocupação com o meio ambiente por parte dos consumidores, que estão dispostos a abrir mão de produtos de sua preferência em busca de um “mundo limpo”, também sendo constatada a possibilidade de adotar estratégias de produção com consciência ambiental.

Palavras-chave: Estratégias de Sustentabilidade, Produção Limpa e Percepção de Consumidores

ABSTRACT

This study was developed from the sustainability issue that is in evidence lately due to their degree of relevance before the changes they see happening in the business environment, as this issue affects not only those organizations more rather the whole society. In addition to a literature on the subject, questionnaires were given to consumers and producers connected to the paper industry of Sao Paulo, revealing that there is concern for the environment among consumers who are willing to give up products their preference in search of a “clean world,” also being verified to be possible to adopt production strategies with environmental awareness.

Keywords: Strategies for Sustainability, Clean Production and Consumer Perception

 

Introdução

 

As empresas do setor de papel enfrentam dificuldades para obtenção de lucros e ganhos de produtividade com a sustentabilidade e a preservação ambiental. No entanto, a questão ambiental tem sido valorizada nos dias atuais, havendo pressões para que as empresas sigam políticas de adequação da sua produção que não agridam o meio ambiente, mas os altos investimentos necessários dificultam o processo. Nesse contexto, é importante que se encontrem formas de adotar estratégias sustentáveis na produção de papel e que estejam alinhadas à preservação ambiental.

É possível que muitas empresas ainda não adotem políticas voltadas para atender necessidades ambientais devido à visão de alguns empresários que buscam retorno em curto prazo e, por isso, não é algo atrativo do ponto de vista econômico. A visão de maximização de lucro e expansão econômica das organizações leva a políticas de preservação ambiental pouco eficientes e não prioritárias. A perspectiva de que é possível obter lucro e ganhos de produtividade com sustentabilidade e preservação ambiental é o ideal, pois existem tendências muito fortes sobre o tema que mostram que esse caminho está deixando de ser uma opção e transformando-se em obrigação para se permanecer no mercado.

Fazendo ajustes e adaptações em seus processos, as empresas criam possibilidades para obterem bons resultados, tangíveis e intangíveis, pois suas marcas vão estar associadas à imagem de uma empresa responsável e defensora de projetos de preservação do planeta, algo que vem ganhando cada dia mais importância por parte das organizações sociais. Com o desenvolvimento tecnológico é possível melhorar a eficiência dos processos, inclusive diminuindo a utilização de agentes químicos, também reduzindo tempo de preparo, evitando desperdícios e proporcionando maior proteção à mão de obra. Assim, combatem-se agressões ao meio ambiente num momento em que as constantes mudanças climáticas dependem cada vez mais de atitudes renovadoras e do crescimento econômico apoiado na responsabilidade socioambiental.

Com todos os problemas climáticos que estão ocorrendo no planeta, somados à tendência de agravamento da situação, é importante que cada vez mais surjam novos métodos de produção limpa. O setor de papel brasileiro é alvo de muitas discussões envolvendo o tema da auto-sustentabilidade. Os ambientalistas alegam problemas como a monocultura do eucalipto, e também no processo de extração da celulose e a transformação desta em papel.

O presente trabalho tem como objetivos investigar como as empresas do setor de papel estão tratando a questão do crescimento sustentável em seus processos de produção para que o setor se torne auto-sustentável, e também qual a percepção dos consumidores, em relação à atuação das empresas de papel na grande São Paulo. Como procedimento metodológico, foi realizada uma pesquisa com empresas do setor, por meio de um questionário com perguntas abertas, para que se entenda melhor a situação pelo lado dos empresários. Outra pesquisa foi aplicada aos consumidores de papéis, também pela aplicação de questionário, que foi disponibilizado na internet no site formfacil, que disponibiliza este tipo serviço aos usuários. Todos os respondentes ficaram no anonimato, considerando-se válidos os questionários respondidos por pessoas que se declararam maiores de dez anos de idade. O questionário é composto de perguntas abertas e perguntas fechadas. O objetivo não foi direcionado a um público alvo especifico, mas as respostas permitiram fazer algumas análises complementares, inclusive fazer distinções entre a população, por exemplo, faixa etária, nível de escolaridade e etc.

Este estudo está estruturado em cinco capítulos, sendo este primeiro a introdução, que visa contextualizar o tema; no segundo capítulo é apresentada a fundamentação teórica necessária; no terceiro a análise dos dados; no quarto as considerações finais e no quinto as referências bibliográficas utilizadas.

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A importância das estratégias de produção com consciência ambiental

Estudos mostram impactos dos fenômenos que vêem ocorrendo em todo o mundo e, no Brasil, a questão da ação do El Niño e La Niña, que causam efeitos como enchentes e secas, está cada vez mais afetando regiões como a Norte, Nordeste e Sul. Mas existe a possibilidade destes e outros problemas, como ondas intensas de calor, ocorreram, mesmo sem a presença do El Niño ou La Niña. (MARENGO, 2006). No Brasil o assunto preservação ambiental está amparado pela Constituição Federal de 1988. Isso é importante porque estamos falando do bem estar de todos, nada mais justo que todos tenham consciência da necessidade de cuidar do meio ambiente e da responsabilidade que é prevista na lei do país. Lei essa que está de acordo com o conceito de meio ambiente, prevendo não só o meio ambiente natural, mas o artificial, e o do trabalho (FIORILLO, 2009).

Diante das questões que o mundo levanta sobre o meio ambiente existem conceitos que são discutíveis, por exemplo, Desenvolvimento Sustentável ou Sociedades Sustentáveis? Se pensarmos que a responsabilidade é de todos, o conceito de sociedades sustentáveis parece ser mais adequado que o de desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável pode ser interpretado apenas do ponto de vista econômico da organização ou do país e da capacidade de tornar viável o negócio, sem pensar no esgotamento de recursos não renováveis. Portanto, dependendo da interpretação, o desenvolvimento sustentável pode não contemplar outros aspectos importantes (DIEGUES, 1992).

Muitos vêem o desenvolvimento sustentável apenas como um modismo e por isso, no Brasil, diferentes segmentos sociais estão procurando meios de se manifestarem sobre o assunto (BARONI, 1992). É comum fazer uso da designação (desenvolvimento sustentável) apenas para deixar de cumprir determinações previstas na própria Constituição Federal, mas muitas organizações já perceberam que estão surgindo novos valores e ideais na sociedade e os papeis que as organizações precisam desempenhar neste contexto (DONAIRE, 1994). Em outro estudo, o autor (DONAIRE, 1999) aborda as mudanças que estão acontecendo no ambiente dos negócios, seja do ponto de vista social ou político, impactando na maneira de se administrar as organizações, não se limitando apenas em produzir e vender, também sendo necessário refletir sobre as condições em que ocorrerão as operações da empresa, já que o mundo está cobrando cada vez mais responsabilidades socioambientais por parte das mesmas. Neste sentido, os administradores precisam promover ações voltadas ao atendimento dos anseios dos acionistas no que se refere aos resultados de lucratividade, porém sem deixar para depois os compromissos socioambientais pelo diferencial competitivo que representam.

Na visão tradicional da empresa como instituição apenas econômica, sua responsabilidade consubstancia-se na busca da maximização dos lucros e na minimização dos custos e pouco, além disso. Os aspectos sociais e políticos que influenciam o ambiente dos negócios não são considerados variáveis significativas e relevantes na tomada de decisões dos administradores, e as repercussões que as decisões internas possam acarretar no contexto sociopolítico tem pouco significado para a cúpula das empresas. É comum considerar dentro desse enfoque que “o que é bom para as empresas em bom para a sociedade de forma geral” (DONAIRE, 1999, p.15).

 

Todos os ramos de atividades precisam ter comprometimento com as questões ambientais. Este trabalho está voltado mais para o setor de produção de celulose e papel, um segmento bastante discutido quando o assunto é preservação ambiental e que está em plena expansão, ao mesmo tempo em que é apontado como uma das atividades mais poluentes, sendo comparado com as atividades das indústrias químicas, por exemplo. Os questionamentos são relevantes, pois força as empresas a buscarem alternativas para seus processos com vistas a acabar ou reduzir os danos ao meio ambientes (FONSECA, 1995).

Processos que visam cuidados com meio ambiente, chamados de produção limpa, trazem expressividade ao crescimento do Desenvolvimento Sustentável, diante dos que defendem como base de sustentabilidade apenas critérios de lucratividade que a empresa precisa gerar (PHILIPPI, 2005).

Problemas que envolvem toda a sociedade, como econômicos, climáticos, custos e oportunidades, fazem com que as organizações cada vez mais criem estratégias, formem parcerias e alianças tanto de base comercial quanto políticas para estarem sempre adequadas ao contexto e atender aos stakeholders[4]. Há indícios de que as aplicações estratégicas das empresas sob a ótica da responsabilidade social ambiental, ainda são pouco investigadas no âmbito acadêmico e não tem recebido a devida importância nos planejamentos estratégicos das empresas (VOLPON; SOARES, 2006). Com os questionamentos em relação ao desenvolvimento econômico e a consciência ambiental, fica claro que é melhor agir na base do problema, com investimentos e planos de ação para termos uma produção limpa (VERNIER, 1994). Segundo Caco de Paula (2007, p.38), para ser sustentável “qualquer empreendimento humano deve ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito”.

 

Fontes poluidoras em fábricas de celulose

Conforme D’Almeida (1988), estudos de entidades do setor de celulose e papel mostram que estas atividades são sim responsáveis por algumas substâncias muito poluentes, substâncias orgânicas e inorgânicas, que afetam tanto o ar quanto a água, pois valores extremos de pH[5], ou mesmo que não seja extremo, mas alterados de maneira brusca, causam danos na vida aquática. Por isso a importância de se pensar em condições de produção responsável em relação ao meio ambiente, tanto para as empresas produtoras de celulose quanto às de papel, já que é comum que as mesmas se instalem nas proximidades de rios ou outros locais de fácil acesso à água. Ainda segundo o autor, nas indústrias de celulose podem ser destacadas algumas ações poluidoras, como os processos de obtenção das fibras celulósicas, sejam branqueadas ou não-braqueadas. As fibras celulósicas são extraídas por diferentes processos, sendo mais comuns os químicos, e conforme os agentes químicos empregados, diferentes poluentes são gerados, por exemplo, a liberação de dióxido de enxofre na atmosfera, que dependendo da quantidade pode provocar as chamadas chuvas ácidas. O autor também afirma que existem outros processos para a extração das fibras celulósicas, apontando algumas alternativas para diminuir a agressão ao meio ambiente. Todavia, não há certeza de que todas as empresas do setor implantem as técnicas de melhorias com vistas à proteção do meio ambiente.

D’Almeida (1988) descreve com detalhes o processo de obtenção da pasta celulósica, demonstrando os agentes poluidores, com destaque ao dióxido de enxofre (SO2) pelo seu poder de agressão à natureza.

 

Neste processo é empregado um licor de cozimento, de pH em torno de 2, contendo ácido sulfururoso (H2SO3) e bissulfito (XHSO3) de cálcio (X=Ca), ou de sódio (X=Na), ou de maguinésio (X=MG), ou de amônio (X=NH4). Estes licores são preparados em torre de absorção, onde o SO2 gerado pela queima do enxofre é borbulhado em: uma suspensão aquosa de pedra calcária (CaCO3); licor à base de cálcio; uma solução de carbonato de sódio (licor à base de sódio); uma suspensão de hidróxido de maguinésio (licor à base de maguinésio); água amoniacal (NH3+água), e licor à base de amônia (D’ALMEIDA, 1988, p.548).

 

 

ANÁLISE DOS DADOS

 

Visando obter informações de uma amostra heterogênea de pessoas, foi efetuada uma pesquisa qualitativa, entre os meses de julho e novembro de 2010, com a utilização de um questionário disponibilizado pela internet e que também foi aplicado presencialmente, buscando avaliar a opinião de consumidores das empresas do setor de papel sobre a questão do impacto ambiental na produção do referido setor e elucidar qual a percepção desse consumidor em relação aos esforços dessas empresas para essa questão tão delicada e atual.

O universo da amostra foi composto por homens e mulheres, residentes na cidade de São Paulo, nas regiões Norte, Sul, Centro, Leste e Oeste e na faixa etária entre 10 e 70 anos, assim configurado:

 

Questionário pela Internet Questionário Presencial
93 respondentes 55 respondentes
66% Homens

34% Mulheres

54% Escolaridade média ou superior, completos

90% Acima de 18 anos

Quadro 1: Universo de amostra da pesquisa com consumidores

Fonte: Elaborado pelos autores

Gráfico 1: Distribuição etária dos consumidores entrevistados

Fonte: Elaborado pelos autores

Gráfico 2: Distribuição dos consumidores entrevistados por sexo

Fonte: Elaborado pelos autores

Gráfico 3: Escolaridade dos consumidores entrevistados

Fonte: Elaborado pelos autores

 

Resultados da pesquisa com consumidores

Consciência Ambiental: Dos entrevistados, 98% já ouviram falar sobre consciência ambiental, 44% acham que as empresas de papel e celulose respeitam o meio ambiente e 58% acham que a produção de papel prejudica, de alguma forma o meio ambiente.

Responsabilidades e papeis na questão sócio-ambiental: Dos entrevistados, 98% acham que o problema da preservação ambiental é de todos (empresas, governo e sociedade civil).

Conhecimento sobre os produtos oferecidos: Somente 21% dos entrevistados crêem que o papel higiênico deveria ser branco, mas 84% abririam mão da utilização de papeis brancos e 54% observam se os produtos que eles compram são produzidos respeitando o meio ambiente.

Os dados apresentam uma amostra de consumidores de perfil bastante heterogêneo, com alguns dados mais acentuados como se ver nos níveis de escolaridade que, mostram 69% por cento dos entrevistados com escolaridade acima do ensino médio o que garante que os dados deste estudo não teve grande influência das diferenças entre as classes sociais dos respondentes, não foi percebido uma predominância de um perfil em relação a outro nas questões abordadas.

 

Gráfico 4: Conhecimento da expressão “preservação ambiental”

Fonte: Elaborado pelos autores

Gráfico 5: Percepção sobre o problema da preservação ambiental

Fonte: Elaborado pelos autores

Gráfico 6: A preservação ambiental como critério de decisão de compra

Fonte: Elaborado pelos autores

As informações das três questões acima apresentam um nível de consciência elevada dos consumidores como exposto nos gráficos 4 e 5, mas não reflete efetivamente na prática de compra desses consumidores, demonstra o gráfico 6. Isso evidência uma questão cultural, pois independe do sexo, faixa etária ou escolaridade, as pessoas sabem o que precisa ser feito, mas poucos se dedicam a fazer.

 

Gráfico 7: Percepção sobre o setor papeleiro e a degradação ambiental

Fonte: Elaborado pelos autores

Gráfico 8: Percepção sobre práticas ambientalmente corretas do setor celulose

Fonte: Elaborado pelos autores

 

Os gráficos 7 e 8, mostram um equilíbrio entre as questões, ao mesmo tempo que o consumidor diz que a produção de papel prejudica o meio ambiente ele tem a percepção que as empresas não respeitam. Esses são pontos negativos para as empresas do setor, pois a maioria dos consumidores não percebem empenho dessa empresas nas questões ambientais.

Gráfico 9: Opiniões sobre a cor do papel higiênico

Fonte: Elaborado pelos autores

Gráfico 10: Relevância da cor branca dos papéis em geral

Fonte: Elaborado pelos autores

 

Essas informações dos gráficos 9 e10, chamam atenção para a disposição de mudanças nos hábitos dos consumidores, pois levando em consideração que o processo de branqueamento das fibras trás muito prejuízo ao meio ambiente, o consumidor apoia a  iniciativa em prol de um planeta mais saudável e aceita abrir mão de algumas características do produto.

 

Resultados da pesquisa com as empresas

Foi efetuada uma pesquisa qualitativa, entre os meses de julho e outubro de 2010, com a utilização de um roteiro de entrevistas não estruturado, buscando avaliar como algumas empresas do setor de papel e celulose da grande São Paulo estão tratando a questão do crescimento sustentável em seus processos de produção para que se tornem auto-sustentáveis. O universo da amostra foi composto por alguns gestores das empresas Santher e Manikraft, sendo que a empresa MD Papéis não se dispôs a participar do estudo.

Tratamento sobre o assunto: As duas empresas respondentes apresentaram a seguinte afirmativa: é possível melhorar o desempenho das empresas do setor, no que se refere a questões ambientais, com apoio de novas tecnologias e fatores externos envolvendo a política econômica e tributária do país, servindo de subsidio para o alcance desse aprimoramento no setor.

Mudanças e a legislação: As empresas do setor estão percebendo que as intervenções do governo para impor mudanças através da legislação é algo iminente, portanto os entrevistados também apresentaram uma preocupação em relação a possíveis reduções da carga tributária para tecnologias que torne a produção mais “verde”.

Trabalhos realizados em prol da sustentabilidade: Nos dois casos foram identificadas as seguintes práticas adotadas: reuso de água anteriormente descartada na produção, utilização de madeira de reflorestamento (100% plantadas e renováveis), todo o efluente gerado passa por um rigoroso sistema de tratamento e monitoramento, inclusive monitoramento de órgão estadual, adoção de práticas de substituição dos combustíveis fósseis por fontes mais limpas (substituição parcial ou total do diesel “óleo BPF”[6] por “GLP”[7] e hoje pelo gás natural.

Programas e o meio ambiente: Alguns programas citados pelas empresas são: Programa de gerenciamento de resíduos industriais que segrega os resíduos para reciclagem ou disposição final, e o projeto “Dê a Mão para o Futuro”, que se baseia no conceito de responsabilidade compartilhada para resolver a questão das embalagens pós-consumo (plásticos, vidro, papel e metal).

Diminuição do uso de recursos não renováveis e emissão de resíduos: Ambas realizam projetos para redução de recursos não renováveis na produção, apresentando resultados satisfatórios tanto para o meio ambiente quanto para a redução de custos para a empresa.

Branqueamento da celulose: Existe um impasse na opinião das duas empresas pesquisadas em relação à extinção de uso de celulose branqueada na produção, conforme abaixo:

– O processo de eliminação do branqueamento da produção está caminhando muito rápido, onde é possível provar essa afirmação pelo sucesso do papel “reciclado” basta ter a intenção de levar o projeto à frente com a conscientização da população. (Manikraft, 2010);

– No momento não é necessária a eliminação da celulose branqueada pela linha de produtos produzida, porém toda a celulose adquirida de fornecedores é proveniente de processo livre de cloro ECF(Santher, 2010).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo verificar o comportamento dos consumidores de papéis em geral na região da Grande São Paulo, sobre alguns aspectos relacionados ao produto e como eles vêem a atuação das empresas do setor, quanto preservação do meio ambiente.

Foi verificado com a pesquisa realizada, que são displicentes, quando se compara o grau de consciência a respeito da preservação ambiental, e suas práticas no momento da compra, porque em quanto nas questões que indicam se o pesquisado já ouviu falar de preservação ambiental e de quem é a responsabilidade, 98% responderam sim, já ouviram falar e que a responsabilidade é de toda a sociedade, quando são perguntados se no momento da compra leva em consideração se os produtos têm origem de produção com responsabilidade ambiental, só 54% por cento afirmaram que sim. Se considerar que entre os 54% por cento ainda tem outros fatores que interferem na decisão de compra, a diferença entre a consciência ambiental e a aplicabilidade está ainda muito distante. Uma preocupação relevante, pois se os consumidores não mostrarem preferência por produtos que sejam de processos com responsabilidade ambiental, deixa margem para empresas de má fé agirem, e as consequências sobre o meio ambiente envolve a todos.

Os pesquisados acreditam que a fabricação de papéis prejudica o meio ambiente, 58% têm esse pensamento, principalmente pela questão do desmatamento, ou seja, possivelmente existe uma associação do tema com os assuntos veiculados nos meios de comunicação, pois os processos produtivos também afetam bastante o meio ambiente, quando não há políticas ambientais seria nas empresas é altamente prejudicial à Natureza. O estudo também mostra que a maioria não acredita que as empresas do setor de celulose e papel respeitem o meio ambiente, 56%. Este dado praticamente reflete o comportamento dos consumidores pesquisados referente a outras questões anteriormente respondidas, pois se 54% não leva em conta se os produtos de produção “limpa”, 58% entende que a produção de papel prejudica o meio ambiente, entende-se que existe coerência para o estudo.

Os resultados obtidos com este estudo mostram que os consumidores têm uma consciência ambiental incubada, sabe-se da importância do assunto, se propõe a colaborar, mas não está praticando efetivamente aquilo que entende ser correto e extremamente necessário, ou seja, se as coisas mudarem tudo bem se não continua esperando. Essa situação fica evidente quando se tem 79% por cento que aceitaria usar um papel higiênico que não fosse branco ou ainda, 84% por cento abriria mão dos papéis brancos, na condição de que essas mudanças sejam em prol do meio ambiente. Se essa tendência passasse a ser praticada no dia a dia as empresas sentiram diretamente a pressão e aceleraria os processos de mudanças na produção de seus produtos.

Esse comportamento dos consumidores reflete nas ações que são tomadas pelas empresas do setor. São inúmeros fatores que envolvem as questões ambientais nas operações das empresas, e quando se fala em investimento fica difícil convencer, que desenvolver projeto com vista à eliminação de resíduos descartados no meio ambiente sem poder repassar esse custo para o preço dos produtos os investidores menos conscientes não acham interessante, procuram investimentos que proporcionem lucros de preferência em curto prazo.

No setor de celulose e papel, existem empresas com diferentes culturas e, portanto suas políticas organizacionais são diversificadas, uma se dedicam mais outras nem tanto, por isso a presença dos órgãos fiscalizadores do estado é fundamental, pois se os consumidores não estão sendo exigentes na compra, as empresas que investem em projetos para finalidade de processo com sustentabilidade ambiental, vão ser prejudicados na concorrência com relação a custos. Nos questionários respondidos pelas empresas Manikraft produtora de papéis higiênicos e Santher produtora de higiênicos e de impressão, observam-se que há muitas melhorias a serem feitas e que o investimento necessário para aquisição de tecnologias para este fim, é alto e dependendo do porte da empresa, inviabiliza o projeto. Contudo estas empresas buscam sempre está atendendo as legislações existentes, mas apesar de fazerem trabalhos de conscientização com seus colaboradores e comunidades não apresentaram nem um projeto inovador que as diferencie das outras empresas do setor. Este estudo evidenciou que as empresas do setor de papel não têm grandes preocupações em esclarecer seus consumidores sobre suas atuações, como estão agindo e qual é o grau de comprometimento com um tema tão em evidência no momento e que trás muitas dúvidas para o futuro, ignorar este fato, é permitir que aumente a desconfiança da sociedade sobre o que são verdades e mentiras sobre o setor.

Dadas as limitações deste estudo, principalmente no que diz respeito à validação estatística, sugere-se que sejam desenvolvidos estudos futuros com testes comparativos e a utilização de ferramentas estatísticas-probabilísticas mais apropriadas.

 

 

Referências bibliográficas

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o,

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Notas

[1] Trabalho de conclusão de curso exigido como requisito obrigatório e parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração na Universidade Cidade de São Paulo, sob a orientação do Professor Marco Antonio Sampaio de Jesus.

[2]  Bacharelando em Administração.

[3]  Bacharelando em Administração.

[4] São todas as partes interessadas nas atividades da empresa: clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores.

[5] Refere-se a uma medida que indica se uma solução líquida é ácida, o símbolo representa ‘potencial hidrogeniônico’.

[6] Óleo combustível derivado de petróleo, também chamado óleo combustível pesado ou óleo combustível residual.

[7] Gás Liquefeito de Petróleo.